domingo, 18 de setembro de 2011

Amor e Disciplina


Certa vez me questionaram: Como você consegue ser esposo, pai, trabalhar no serviço público, ser consagrado na “Doce” e diácono incardinado numa diocese que você não reside?
Confesso que parei e fiquei pensando na verdadeira resposta, pois tal pergunta não merecia palavras a “toque de caixa”. Isto me fez escutar o coração, refletir a minha vida e rezar diante da opção que fiz, a partir do livre arbítrio que me foi concedido, por Aquele que me confiou o dom da vida.

Cheguei a uma conclusão importante para mim, depois da oração pessoal: é a Palavra de Deus que concede ao homem a resposta para todos os seus questionamentos. Se acreditamos nela, a mesma nos capacita e envia para a grande missão dos seus discípulos. Afinal, ela foi inspirada pelo Espírito, portanto, só Ele abre os caminhos para que desbravemos o que lá se encontra escrito, que é a vida e missão dos que dela se alimentam diariamente.

Dizem as Sagradas Escrituras: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo” (Mat 6,33). Também está escrito: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado” (Mc 16, 15-16). Ainda relata: “Porque muitos são os chamados, e poucos os escolhidos” (Mt 22,14). Também nos fala: “Entre eles há alguns que Deus elevou e consagrou, a outros pôs no número dos dias comuns” (Eclo 33,10a). Quando Deus chama, concede a graça, a partir do nosso empenho, esforço pessoal e sacrifício. Sacrifício sim, porque não existe oferta, doação, entrega, sem cruz. “Se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me. Porque, quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem sacrificar a sua vida por amor de mim, salvá-la-á” (Lc 9, 23-24). Cruz sim, porque o Reino da Terra tantas vezes renega o Reino dos Céus, além do mais, “não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares” (Ef 6,12).
Se tudo da parte de Deus está feito, é preciso fazer a nossa parte. Portanto, comecei a refletir duas coisas na minha vida e que, tenho tentado me empenhar para colocar em prática ao longo destes anos: O “amor” e a “disciplina”. Só colocando as nossas vidas no “coração de Deus”, teremos coragem e sabedoria para “partir” na missão que Ele nos confia. Afinal, este mundo tem muitas opções que distam do verdadeiro e pleno amor,  por conseguinte, todas as vezes que a criatura não dialoga com o seu Criador, padece por ficar a mercê da sua própria vontade.

Deus nos criou no seu amor e com disciplina. Tanto é que, só criou o homem e a mulher, a partir do momento em que o planeta terra estava preparado para recebê-los.
Mesmo com todo aparato existente para servi-la, quando a humanidade exclui Deus da sua caminhada, ela perde o seu brilho, por desencontrar-se com o fim para a qual foi criada. O homem tem inteligência, vontade, memória, imaginação e afetividade. Todas estas áreas precisam ser iluminadas com a luz que provém do “seu idealizador”.

A luz que temos, vem de uma graça que está dentro de nós e que só o homem poderá deixar que o ilumine. Caso contrário, ofuscamos o seu brilho e abrimos a guarda para que se “acorde o leão, que precisa permanecer dormindo dentro de nós”.
Você há de convir comigo que, todas as vezes que o homem inventa ou idealiza algo, é para um fim, uma finalidade. Por exemplo: a criação de um meio de transporte é para se chegar do outro lado mais rápido e com mais conforto. Nesta mesma linha de pensamento, também pergunto a você: A criação da vida humana tem qual fim, qual finalidade? A inteligência que capacita o homem, em contrapartida, a sua iniquidade, os seus erros (do mais simples ao mais absurdo) – Assim, que leitura podemos fazer deste fato real? O que é que machuca o homem, senão o desequilíbrio que está dentro dele próprio. Será que ele não precisa da luz para renascer, diante de cada situação de transgressão, que tantas vezes pode causar o aniquilamento de si e do outro?

Se acreditamos que o homem foi criado por Deus, tudo o que tem o “dedo de Deus” tem uma finalidade, um para que. A figueira, por exemplo, pode se tornar uma árvore frondosa, no entanto, se não der fruto, não cumpre o seu fim último. Lembre-se que Jesus vai ao encontro de uma figueira para alimentar-se, chegando lá, constata que a mesma é estéril e a amaldiçoa. Penso ser isso um grande ensinamento para as nossas vidas.
Partilho com você leitor e leitora, que muitas são as dificuldades e os desafios de cada dia, no entanto, só existe “amor” no projeto de vida que me foi confiado. E na busca diária de “disciplina”, fazer o que me é indispensável, para a construção do Reino de Deus, neste mundo, tantas vezes frio, mas também sedendo Daquele que o criou.
O amor e a disciplina toma conta do meu dia a dia e vai me consumindo, no qual tantas vezes, deparo-me também com as minhas fraquezas, com a minha pequenez, a minha impotência e o meu cansaço. No entanto, tudo vale a pena, porque eu sei por quem estou fazendo e para onde tudo vai me levar, juntamente com aqueles e aquelas que o Senhor da vinha me confiar.

Eu pergunto a você, leitor(a) amigo(a): As pessoas estão com você pela sua vida ou pela sua missão? Neste caminho, observo a força que tenho, oriunda da minha missão. A família, a minha consagração, o diaconato permanente, não são títulos para mim e sim, missão. A missão alarga os horizontes, fazendo com que o homem, tantas vezes, enxergue além da montanha.
Sei que a minha vida inquieta a muitos, porque o diferente é muitas vezes mal visto. Afinal, não sou um “religioso canônico” e sim, um simples homem, consagrado a Deus num Carisma novo na Igreja e que, como membro de uma Comunidade Nova, vivo diretamente no mundo secular e não enclausurado. Tenho vivenciado que para uns, é uma graça o que vivo, no entanto para outros, é como se a minha vida e opção fosse uma pedra no sapato, que além de incomodar, até machuca e fere.

Mesmo com todas as provações, sou muito grato a Deus por entender a minha vida e missão a partir da sua Palavra e não a partir de mim mesmo. Entendo que o amor e a disciplina são comportas que devem ser abertas dentro de nós, pois abrem espaços para uma vida saudável e com mais qualidade. É bem verdade que existe sacrifício, no entanto,  uma vela consumida pelo amor, disciplina uma alma para o seu fim primeiro e último.
Você que faz esta leitura, és sublime, és especial, és querido(a) por Deus e por toda a criação. “Levanta-te, deixa a tua maca e anda”. Precisamos do seu amor e da sua disciplina, afinal somos irmãos e saímos da mesma “árvore da vida”.

SALVE O AMOR DE DEUS!
SALVE A SUA DISCIPLINA!
SALVE A SUA VIDA, QUERIDO(A) LEITOR(A)!

Deus vos abençoe, com orações.

Diác. Wellington,CDMD

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Jornada Mundial da Juventude 2011 - Comunidade Doce Mãe de Deus

Este vídeo mostra um pouco da aventura na fé que 83 jovens viveram na Jornada Mundial da Juventude, dos dias 14 a 24 de agosto deste ano, em Madrid, na Espanha.
Foram dias vividos com muita intensidade, não parávamos de andar, rezar, admirar e ver a Igreja de Deus que nos reunia ali em torno do sucessor de Pedro. Tivemos, com certeza, uma das maiores experiências de nossas vidas. Não dá para narrar...
Mas, queremos deixar resistrado aqui um pouco do que viveram os jovens que foram conduzidos pela Comunidade Doce Mãe de Deus.

E acredite, a fé nos leva ir além!

A liberdade pela qual ansiamos


 A liberdade é conquistada sem ideologias, evidenciada na verdade. Muitos dizem que ao entrar para a Igreja, ou frequentá-la regularmente torna-se um perigo para a liberdade. Veem a religião como um conjunto de restrições que, além de roubar sua "liberdade" fecha seus olhos para o mundo, colocando como que viseiras.
    
     Por ignorância é confundido liberdade com libertinagem. Dizem "sou livre" e, vivem num hedonismo sem precedentes, sobretudo na pós-modernidade, período em que é detestado o limite, a privação, e o sofrimento é visto como um castigo. Contudo, na sabedoria de Léon Tolstói, escritor Russo do século XIX, encontramos um fragmento do conceito autêntico, acerca da liberdade. Léon diz que " não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade" ouso acrescentar, a verdade de uma maneira integral, pura em sua essência, não a verdade equivocada. Contudo, Tolstói completa dizendo  "a liberdade não é um fim, mas uma consequência", consequência de uma verdade bem vivida. Encontramos um exemplo claro na vida e conversão de Santo Agostinho. O Doutor e Bispo da Igreja transitou por todas as correntes da filosofia pagã indo do maniqueísmo ao neoplatonismo. Buscou, pois, a verdade em várias doutrinasnenhuma a preencheu, sua sede de verdade o fez ir além, e nas pregações de Santo Ambrósio, enfim, encontrou-se com a verdade, que o fez rezar "tarde te amei, Beleza antiga e tão nova, eis que procurava fora o que estava dentro de mim", e a consequência desta verdade foi justamente a liberdade, tão grande que o levou às honras dos altares.
    
 Jesus Cristo é "o Caminho, a Verdade e a Vida" (Jo 14,6), portanto não andemos por atalhos, nem escolhamos a mentira, que por vezes nos engana, e por fim "escolhe pois a Vida" (Dt. 30,19).
Não permita que as ideologias neutralizem seus pensamentos, aliene sua consciência, pois, deste modo estará corrompendo a sua liberdade, e por conseguinte afastando-se da verdade. Busque a resposta para um mundo em que as ideologias querem igualar tudo, relativizar os conceitos eternos, pondo à prova as palavras de Cristo. Quem disse que o que é falado nas universidades, na mídia corresponde com a verdade, e prima pela liberdade do receptor, qual o critério usado para propagar essas "verdades". Ao meu pensar, surge como confusão para uma geração "ctrl+c" - "ctrl+v". Estamos fadados a nos tornar repetidores de meras informações inverídicas, papagaios de uma mídia decadente.  Críticos de plantão, questionem seus próprios conceitos, apurem suas "verdades", sejam fiéis consigo mesmos. Neste quebra-cabeça um lado da liberdade encaixa-se com a verdade, porém, se isso não acontece em suas concepções, está na hora de recomeçar à exemplo de Santo Agostinho.
     
     Dentro da Igreja sua visão se aguça, pois é na doutrina da Igreja, fundamentada na verdade do Evangelho, que encontraremos as respostas para as aspirações humanas mais profundas. Todavia, no Evangelho não encontramos meias verdades, e porque na Igreja encontraríamos? Muitos tentam ajustar os ensinamentos da Igreja de um modo que lhes agradem, permanecendo apenas com o mel da vida cristã, o fel, a cruz de Cristo, poucos abraçam.Ora, Cristo veio ao mundo para agradar os homens ou ao Pai?Suas palavras são fortes, somente corajosos a vivem. "Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me." (Lc 9,23). Ou somos íntegros e coerentes, ou estamos fragmentados com as meias verdades de um mundo pós-moderno mutilado, prostrado diante de uma liberdade ilusória.
     O coração humano anseia pela liberdade justificada na verdade. Verdade esta que "não é fruto da imaginação de cada indivíduo" como disse nosso saudoso beato João Paulo II. 

Rodrigo Stankevicz