domingo, 14 de fevereiro de 2010

"Alegria, alegria! O Rei está aqui!



"Alegria, alegria! O Rei está aqui! Alegria, alegria! Em cada coração!” Quem não se lembra, com saudade, desta música? Quem, dentre os que se lembram, consegue ainda acompanhá-la com os pulinhos de praxe, batendo palmas sobre a cabeça?

Certamente, nem todos. Os anos passam. Mas nossa questão aqui não são os pulinhos. É a alegria. Alegria e entusiasmo, entusiasmo e saída de si. Alegria e evangelização.
Existe algo que dê mais confiabilidade no que a pessoa está expressando do que a alegria e o entusiasmo? Algo que atraia mais do que a alegre doação da vida?

Na arrancada de evangelização que temos vivido e que estaremos vivendo mais intensamente a cada dia, a alegria e o entusiasmo são essenciais.
Claro! Também é essencial o testemunho de vida. Não adianta – até é capaz de estragar tudo – dizer uma coisa e viver outra; anunciar Jesus Cristo Vivo e viver eu mesmo morto.
A quantas anda minha “alegria de filho de Deus”, isto é, a alegria de saber que, de fato, sou amado por Deus de modo incondicional e gratuito e que, por mais que eu “apronte” o seu amor por mim não mudará, não diminuirá nem um milionésimo de milímetro?

A quantas anda minha “alegria da salvação”, a qual peço a Deus que me restitua no Sl 50/51? A alegria de saber que posso contar com a misericórdia de Deus e que, cada vez que me arrependo dos meus pecados e me confesso as graças da salvação agem com força total e, como diz o Salmo, além de me encher de alegria me preparam para anunciar a Verdade?

Como é que está o meu “alegrai-vos sempre no Senhor”? Na alegria, na tristeza, na saúde, na doença, nas perseguições, nas incompreensões, nas críticas, nos julgamentos, na dificuldade financeira, nos desafios dos relacionamentos, alegro-me, sempre, no Senhor, com total certeza e absoluta confiança de que Ele está tomando conta, de que Ele está no comando? Nunca é demais, por via das dúvidas, ouvir o eco de São Paulo a si mesmo: “Repito, alegrai-vos!”

Como está o nosso “anunciar o Evangelho, para mim, é uma honra”? Esta é, como para São Paulo, uma das nossas alegrias? Um sentido para a nossa vida? Poderíamos dizer, como ele, “ai de mim se eu não anunciar o Evangelho?

Alegria! Alegria! O mundo anda meio sisudo, meio preocupado. Isso acontece porque ainda confia muito em si mesmo, ainda espera tudo de si, dos seus esforços, de suas lutas, de seu trabalho, de suas manobras, de suas opiniões.

Nossa alegria vem do fato de que Jesus está vivo, de que ressuscitou. É a continuação da mesma alegria ensandecida do Cenáculo quando Jesus se pôs entre os seus.
Nossa alegria vem do fato de que sabemos, por experiência, que o Pai cuida de nós, que faz chover sobre os justos e injustos, que nos dá o pão de cada dia, que perdoa nossas ofensas.
Nossa alegria vem do fato de sabermos que muito mais do que os pardais, muito mais que os lírios, valemos nós e que, confiantes no Pai querido de Jesus e nosso, podemos não nos preocupar com o dia de amanhã, de viver o Evangelho a cada dia, pois a cada dia basta o seu cuidado.

Nossa alegria vem de buscarmos em primeiro lugar o Reino de Deus e sabermos que tudo o mais nos será dado por acréscimo.
É desta alegria que o mundo precisa. A alegria do Evangelho, a alegria da Boa Nova, a alegria da fé e da confiança em Deus. Longe dos discursos sisudos e intelectuais, das complicações e elucubrações de quem tem necessidade de ser importante, o homem do terceiro milênio precisa da simplicidade e alegria dos santos.

Se não conseguimos ser tão santos assim, tentemos cultivar a graça da simplicidade e alegria de quem, simplesmente, crê e, crendo, ama e, amando, age, e, crendo, amando e agindo, será salvo. Esta alegria contagia. Esta alegria faz os outros dizerem: “Mostra-nos o Senhor”, o Senhor da Alegria, o Senhor da Ressurreição, o Senhor de Pentecostes. Mostra-nos a fonte desta alegria.
E nós, como a tagarela Samaritana, como o bondoso Samaritano, vamos, com alegria e com obras, vivendo o amor de anunciar Jesus, o Evangelho da Salvação, a Alegria da Boa Notícia: “Deus é Pai, Ele te ama, Ele enviou Jesus, Jesus está Vivo e quer te conhecer pessoalmente. Isso aconteceu comigo. Por isso sou feliz.” Simples assim, alegre assim.

Mas, se não for alegre, não dá, não convence. Seria bom, talvez, voltar a cantar o “alegria, alegria” do Timbó, o “Alegrai-vos sempre, no Senhor, alegrai-vos no Senhor! Alegrai-vos, alegrai-vos, alegrai-vos no Senhor!” dos bons, simples e alegres velhos tempos, quando muitos dentre nós fomos conquistados pela alegria e entusiasmo daqueles que, um dia, nos evangelizaram.

Gocce

Emmir

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Criatividade no amor, consciência missionária e esperança para evangelizar!


Bem sabemos das diversas mudanças sociais, culturais e religiosas, nas quais estamos inseridos e as vivemos não sem grandes dificuldades. Tudo parece um rolo compressor! Muitas vezes achamos que estamos ficando para trás e passamos a querer acompanhar irresponsavelmente tudo o que o mundo nos propõe. Na caminhada cristã o processo requer alguns cuidados. Temos de nos atualizar, é verdade, mas não podemos perder o essencial, que é o “querigma,” a experiência de Deus nas nossas vidas, a amizade com Jesus Cristo Ressuscitado na oração, na Palavra de Deus e na vida sacramental. Essa experiência alimenta em nós a comunhão com a nossa vocação pessoal, com a Igreja e com a comunidade de fé na qual participamos. Nem sempre a “técnica e as estruturas” solucionam todos os problemas, pois, quando não as tivermos, que os nossos olhos nunca deixem de estar fixos no Senhor. “Sem Cristo a realidade fica turva, não é realidade, mas caricatura,” disse Bento XVI.

O tempo exige criatividade no amor, exige esperança e consciência missionária para acompanharmos as mudanças. A grande crise hoje na dimensão da fé e da vivência dos nossos apostolados está ligada ao “seguimento a Jesus Cristo, ser discípulo” (“Ide, pois: de todas as nações fazei discípulos”, Mt 28,19). As pessoas buscam experiências religiosas, mas têm dificuldades de um compromisso de vida e de doação mais consistentes. Daí que não crescem, não amadurecem no processo formativo, não criam sustentação nas convicções e perseverança na caminhada, isso vale para todos nós: cristãos batizados e engajados, como também para os que têm um compromisso vocacional. Consequentemente, ficamos “vulneráveis aos ventos de doutrinas e às circunstâncias.” Quando se trata das lideranças, dos pais na fé, as consequências se agravam porque se tornam referências confusas e não seguras para as pessoas mais fragilizadas; “não formam, mas deformam”; Tornam-se batizados que fazem da mensagem cristã um instrumento para servir aos seus interesses. Todos nós estamos sujeitos a isso!

Precisamos, nós que recebemos a missão de cuidar de vidas e conduzi-las para Deus, sobretudo, sermos discípulos para fazermos discípulos. Não podemos viver nossa missão de formadores de consciência e de evangelizadores de qualquer forma. Temos de estar cheios do Espírito Santo para então transbordarmos aos filhos de Deus, fazê-los também conhecerem a verdade, amarem-na como quem quer ser de Deus, seguindo o caminho do Seu Filho. Levar os que chegam a nós e os que buscamos, para Deus, eis a nossa preciosa missão! Temos de ajudar as pessoas na formação de suas consciências na esperança de que despertem do torpor que não as permitem vigiar e assim aprendam a vencer os assédios deste mundo, das ilusões e enganos de falsas felicidades e paraisos.

Para isso é preciso irmos além da obrigação e das limitações. Os que trabalham com formação são muito tentados ao desânimo, especialmente quando os frutos parecem não vir e as circunstâncias nos atropelarem. Vale o que diz o apóstolo Paulo: “Caminhamos pela fé, não pela visão” (2Cor 5,7). Não percamos o profetismo da nossa missão, que é o profetismo do Evangelho. Não percamos o fervor do Espírito Santo e dos Seus Carismas; não percamos o frescor e unção do nosso Batismo e do nosso Carisma. Somos pontes por onde as pessoas tocam na beleza e no mistério que é a vida de Cristo Sua Igreja. Nossa fé não é um peso, um conjunto de regras morais, mandamentos vazios; Ela é o caminho da liberdade, porque conhecer a Verdade nos faz verdadeiramente livres e felizes. A Igreja nos ensina que “a verdade tem um nome, Jesus Cristo.”

Tudo isto desembocará no compromisso para com os outros, custe o que nos custar (consciência missionária), propondo-lhes sempre a radicalidade do Evangelho, o ideal da vida cristã e a força do amor para viver uma vida diferente, “sim, – diz Moysés Azevedo – somos diferentes.” Precisamos ajudar as pessoas a se libertarem do engano do sensualismo, do consumismo e do racionalismo. O processo formativo de uma consciência é o que a fará livre porque implica: a conquista, a convivência, a oração, a formação, a Palavra de Deus, a vida sacramental e a doação de Si para o serviço. É bem verdade que vivemos hoje a tentação das “resistências quanto às opiniões pessoais”, é a ditadura do que “eu penso e sei”, juntando-se com as “as insatisfações diversas por causa do isolamento e do individualismo”, daí o que perigo de se “querer falar o que bem entende em nome da Igreja e da Comunidade”. Isso nos fará ver as coisas por fora e não por dentro, no límpido e reluzente brilho da Verdade vivida, por isso ensinada.

Nossa missão é alimentar o homem com a Verdade, Jesus Cristo. Não o Jesus Cristo que criamos com nossas idéias, mas o Jesus do Evangelho e que nos ensina a Igreja, sua esposa. Queremos dar o melhor de nós para que o homem conheça o amor do Pai, através da sabedoria que o mundo não pode dar ou comprar. A formação é um precioso dom nos confiado pela Providência divina em vista de uma missão, nunca da autopromoção.

A urgência da evangelização não nos permite a lamentação, pois somos temos de ser os primeiros a superarmos todo desânimo. A graça de Deus é que realiza isso em nós, a força do amor de Deus e o fogo que a Palavra de Deus gera em nós. Nossa esperança e alegria para com o que fazemos constituem o primeiro anúncio. Façamos a nossa parte e Deus cuidará de todas as nossas necessidades. Deixemos que o Espírito Santo nos ajude a viver o que ensinamos. Isso atrairá as pessoas para a Verdade. Não tenhamos medo, pois o Senhor está conosco, a Igreja está conosco, a quem temer? Coragem!

Que a Virgem Maria interceda para que o desejo e a decisão de evangelizar nunca desapareçam dos nossos corações!

Antonio Marcos
Missionário na Comunidade de Vida Shalom