quarta-feira, 29 de julho de 2009

A AMIZADE ESPIRITUAL



«Jesus era muito amigo de Marta, da sua irmã e de Lázaro» (Jo 11, 5)

Amai toda a gente com grande amor de caridade, mas reservai a vossa amizade profunda para os que podem partilhar convosco as coisas boas. [...] Se partilham no domínio dos conhecimentos, a vossa amizade é certamente louvável; mais ainda se comungam da prudência, da discrição, da força e da justiça. Mas, se a vossa relação é fundada na caridade, na devoção e na perfeição cristã, ó Deus, a vossa amizade é preciosa! É admirável porque vem de Deus, admirável porque tende para Deus, admirável porque o seu laço, é Deus, porque é eterna em Deus. Como é bom amar na terra como se ama no céu, aprendei a amar neste mundo como o faremos para sempre no outro!

Não falo aqui do amor simples da caridade, porque esse deve ser levado a todos os homens; falo da amizade espiritual, pela qual dois, três ou vários comungam na vida espiritual e têm um só coração e uma só alma (cf. Act 4, 32). É verdadeiramente justo que tais almas cantem felizes: «Vede como é bom e agradável que os irmãos vivam unidos!» (Sl 132, 1). [...] Parece-me que todas as outras amizades não são mais do que a sombra desta. [...] É fundamental que os cristãos que vivem no mundo se ajudem uns aos outros através de santas amizades; por este meio incentivam-se, apoiam-se, conduzem-se mutuamente para o bem. [...] Ninguém pode negar que Nosso Senhor amou com uma amizade mais doce e muito especial São João, Lázaro, Marta e Madalena, pois o Evangelho o testemunha.


São Francisco de Sales (1567-1622)
Bispo de Genebra e Doutor da Igreja
Introdução à vida devota, III, 19

sábado, 25 de julho de 2009

DECISÕES DEFINITIVAS...


"...não tenhais medo de tomar decisões definitivas.
Generosidade não vos falta, perante o risco de se
comprometer para uma vida inteira quer no
matrimônio quer numa vida de especial consagração,
sentis medo...
Não será que eu, com uma decisão
definitiva, jogo a minha liberdade e me prendo com
as minhas próprias mãos?
Eu digo-vos: Coragem!
Ousai decisões definitivas, porque na verdade são
as únicas que não destroem a liberdade, mas lhe
criam a justa direção, possibilitando seguir em frente
e alcançar algo de grande na vida...
Quando o jovem
não se decide, corre o risco de ficar uma eterna criança"


Papa Bento XVI - março 2009

quinta-feira, 23 de julho de 2009

O AMOR É O QUE EXPLICA O SIM


Amar esse tempo em que estou, Porciúncula, é amar o processo que Deus está me proporcionando para chegar até a Sua promessa. Estou em busca dela e o que vivo hoje é uma preparação para que se realize.

Se não viver o hoje intensamente e amá-lo, quando chegar o meu objetivo, a minha promessa, posso não estar preparada para desfrutar dela.

Deus é fiel. A diferença em mim é o acreditar. Eu creio e é isso que me difere.

Abraçar a cruz é assumir o meu hoje com tudo aquilo que ele implica. É ela que vai me levar a salvação.

Todos os dia luto para ser fiel e Ser Testemunha do Mistério da Salvação de Cristo pelo Amor da Santa Cruz!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

AMIGO DA ALMA


« Tendo Davi acabado de falar com Saul a alma de Jônatas apegou-se à alma de Davi, e Jônatas começou a amà-lo como a si mesmo . ( I Samuel 18,1)

Nem tribulação nem dores poderão me separar do Amigo de minha alma.
Com esta afirmação descrevo que quando somos conquistados por um amigo , somos impulsionados a fazer qualquer coisa para fazê-lo feliz, para roubar-lhe um sorriso, para comungar dos mesmos sentimentos, não é assim ?
Estive pensando há alguns dias, os que acontece em nos quando somos conquistados pelo Amigo dos amigos, Jesus Cristo? Como deve ficar o nosso coração ?

Quando fiz a primeira vez a experiência com este Amigo da minha vida, lembro-me que nada e ninguém poderia me fazer mais feliz do que Aquele Amigo que tinha me mostrado o que era viver. Amei ainda que por vezes infielmente, mas amei ! E fui deixando-me inundar por este amor e este Amor me deu amigos.

Louvo muito ao Amigo que me amou primeiro, pois Ele me fez e me faz a cada novo dia enxergar que chegou a hora de sorrir, amar dar a vida por quem amamos, sofrer, chorar pelos e com os amigos . A exemplo de Nosso Senhor que sorriu com os que amava, comeu e se fez um com os seus, chorou com e por seus amigos, mostrando a sensibilidade de um relacionamento.

Quero convidar a cada irmão e amigo a neste novo tempo assumir dentro de si o tesouro que encontramos que é a vida de quem está ao nosso lado, vamos trazer o outro na alma. E trazendo o irmão na alma implica assumi-lo com todas as consequências. Vamos fotografar a alma do nosso amigo para que seja eternizada sua vida dentro de nos. E fotografando sua alma poderemos contemplar a face do Amigo que nos quis aqui , e também nos quis como verdadeiros amigos.

Quando um amigo ama ele se dá por quem ama, não mede esforços, não existe distâncias, ele consegue , pela força do amor , alcançar o amigo onde ele estiver…

O amor de amigo faz ressuscitar os sentimentos mais ocultos dentro de nos, o amigo com o seu sorriso nos encoraja a amar e amando desenterra em nos os tesouros mais preciosos.

Os nossos amigos precisam ser santos ! E eu ? Será que eu estou contribuindo para que isto aconteça ? Se remontarmos a historia , traremos a memoria tantos Santos e Santas, que ao longo de sua vida tiveram alguém que os ajudaram a chegar mais longe. Podemos até citar alguns , como : Davi e Jônatas, onde tiveram que enfrentar até mesmo a morte, mas sustentaram a graça da amizade ; Maria Madalena, que trocando todos os falsos amigos, amou profundamente seu Amigo Jesus ; Paulo e seu amigo de missão e filho na fé Timóteo ; São Francisco e Santa Clara que amando um ao outro, quiseram configurar-se ao Cristo, trazendo sempre um ao outro na alma ; Santas Perpetua e Felicidade que juntas proclamaram que Jesus Cristo era o Senhor e assim foram martirizadas ; Dom Bosco e Domingo Sávio, que apesar da diferença de idade conquistaram um ao outro a ponto de dar a vida querendo o mesmo ideal… E assim continua até hoje. Poderíamos citar centenas de amigos santos que foram conquistados pelo Cristo e em Cristo conquistaram-se e apegaram-se a alma um do outro.


Reflitamos : Tenho sido este instrumento que auxilia na santidade dos meus amigos? Será que minha amizade tem feito diferença na vida de santidade dele !?
Que ninguém seja capaz de tirar esta graça de amar de dentro de nos, mas que a cada nova prova e tribulação possamos nos amar a ponto de levar o outro ao Céu.
Não tenha medo de fotografar a alma amiga daquele que você ama !

Márcia Cristina - Missionária Doce Mãe de Deus em Gassin/França

quarta-feira, 15 de julho de 2009

VONTADE DE DEUS


BENEDETTO XVI - conclusão do Ano Paulino

“Devemos aprender a pensar de maneira mais profunda. O que isso significa o responde São Paulo na segunda parta da frase: precisa aprender a compreender a vontade de Deus, para que esta plasme a nossa vontade. Para que nós mesmos queiramos o que Deus quer e reconheçamos que o que Deus quer é aquilo que é belo e bom. Trata-se, portanto, de uma mudança em nossa orientação espiritual. Deus deve entrar no horizonte de nosso pensamento: o que Ele quer e a maneiroa como Ele idealizou o mundo e eu. Devemos aprender a assumir o pensar e o querer de Jesus Cristo. Desta maneira, seremos homens novos nos quais surge um mundo novo.”

terça-feira, 14 de julho de 2009

Cinco pecados contra a Vida Consagrada


“Existem 5 pecados que hoje quase todos temos na Igreja e que interferem de forma especial na vida consagrada. Creio que esses limites podem ser superados através do aprofundamento da Palavra de Deus, se formos homens da Palavra, pessoas que acolhem a Palavra. Então verdadeiramente vamos superar isso e poderemos ser verdadeiros evangelizadores no mundo de hoje.

Qual o primeiro pecado? Eu o chamo de individualismo, isto é, cada um de nós pensa em si mesmo. Ainda o nosso EU está no centro de nossa vida, e na realidade Deus não está verdadeiramente no centro da nossa vida Cristã. Bastaria refletir quantas vezes somos individualistas. Sempre dizemos: os “meus” projetos, as “minhas” idéias, as “minhas” coisas, a “minha” pequena comunidade, o “meu” grupo. Sempre meu, meu, meu. Somos fechados dentro dessa realidade. E creio que esse é um dos grandes pecados. Isso se supera se nós nos abrimos e nos tornamos comunidade centrada na Palavra. Comunidade aberta aos irmãos, aberta às necessidades dos irmãos. Comunidade de pessoas que se consomem pelos outros. Então atenção a esse pecado.

Segundo pecado: Superficialidade espiritual. Muitas vezes eu pergunto aos meus irmãos de comunidade, padres, ou aos seminaristas da Universidade Salesiana de Roma: Qual o seu projeto de vida? E alguns dizem “eu não tenho projeto de vida”. Mas como se faz para caminhar na vida espiritual, para o Senhor, se não temos um projeto de vida? Às vezes nós nem temos, em algumas comunidades, um projeto comunitário. Um projeto de vida espiritual comunitário. Então a nossa vida espiritual é superficial. Nós não nos aprofundamos na experiência de Deus. Ficamos na superfície das coisas. Para muitos ainda, a vida cristã é fazer práticas religiosas e não viver uma fé profunda em Deus. Não ter uma relação pessoal com Deus, essa amizade pessoal com Deus. Se Jesus não é o Centro da nossa vida, se não fizemos uma experiência com ele, diante das dificuldades que encontramos, tudo cai. É importante trabalhar a vida espiritual. Às vezes eu pergunto também: “você tem um Pai espiritual? Um Padre espiritual que te acompanha no caminho da vida espiritual?” Compreendo que é difícil encontrar um padre, uma pessoa capaz de dar uma direção espiritual, mas eu digo sempre que no inicio da Igreja, nos primeiros tempos do Cristianismo, tinham os Abbá e as Ammá, os pais e as mães espirituais. Pessoas simples, leigos, que guiavam espiritualmente outros. Nós temos essa necessidade de fazer um confronto espiritual com os irmãos, porque se não fizermos isso, como poderemos guiar outros? Nós saberemos guiar outros se tivermos sido guiados. Esse é um outro problema que temos. Superar essa superficialidade que nós temos e chegar a uma forte experiência de Deus. Como se supera isso? Tornando-nos homens de vida interior. Interiorizando a nossa fé. Observem que dentro de nós, somos todos um pouco doentes, enfermos, frágeis. Precisamos curar, cuidar da dimensão interior da nossa vida espiritual.

Terceiro pecado: Ativismo. Vivemos numa sociedade dinâmica onde todos correm, todos se agitam. É a sociedade das coisas rápidas, usamos internet, email… e tudo isso de modo muito rápido e veloz. Assim também é no nosso trabalho. E aqui tem um grande problema. O trabalho, o ativismo, sufoca a vida espiritual. Destroem a vida espiritual, destroem essa experiência com Deus. Penso por exemplo na vida dos salesianos, onde nós trabalhamos muito, fazemos muitas coisas, mas penso que vocês também, preocupados muitas vezes com o problema da comunicação, dos compromissos que tem com rádio, tv, jornalismo e tantas coisas… Estejam atentos. Se nós não temos uma dimensão interior, o nosso trabalho será estéril. Observem que o ativismo destrói a nossa vida. Claro, devemos trabalhar. Dom Bosco dizia que temos que “arregaçar as mangas”. Temos que trabalhar, mas trabalhar nos tornando contemplativos. Contemplativo no cotidiano, no presente, naquilo que faço. Dom Bosco foi definido como “a união com Deus”. Mas um grande obstáculo para sua canonização foi que diziam que Dom Bosco sempre ia de um lado pra outro, trabalhava, e não rezava nunca. Como poderia ser um santo alguém que não reza? Então o Papa Pio XI estava presente naquele tribunal para canonização. E para aquela pessoa que dizia dessa dificuldade, o Papa perguntou: “me diga você, quando Dom Bosco não rezava?”. Porque toda a vida de Dom Bosco era união com Deus. Tudo o que ele fazia, as atividades, as viagens, o encontro com os meninos… tudo nascia de um coração aberto à ação de Deus, à ação do Espírito. Se nós não nos tornarmos pessoas contemplativas, de vida interior na ação, nós faliremos. Porque a sociedade na qual vivemos nos vira de cabeça pra baixo. Dentro do trabalho está a presença do Espírito de Deus. E isso se adquire amando o silencio e amando a oração. Fiquem atentos ao ativismo.

Quarto pecado: racionalismo. A razão sem a fé criaria um vazio em nossa vida. A razão e a fé na nossa vida precisam dialogar. Atenção, pois o cristianismo não é uma doutrina, uma filosofia, uma ética ou uma moral. Mas o Cristianismo é experiência com uma pessoa. Não é adquirir idéias. Claro que precisamos conhecer uma Doutrina. O cristianismo é a revelação cristã, evangélica, mas sempre devemos passar todas as coisas da mente para o coração. Essa é a passagem: da razão ao coração. Esse é um grande perigo. Na Igreja primitiva se chamava gnose, agnosticismo. Alguns cristãos diziam “basta que eu saiba que Deus existe, que eu conheça Deus assim, e eu serei salvo”. E o evangelista João nos diz que não basta conhecer, mas é preciso levar isso para a vida. Se o cristianismo não se traduz em vida, nós faliremos. O cristianismo é experiência de fé. Não somente adquirir idéias e noções. Eu digo sempre falando aos teólogos, que a Teologia se aprende de joelhos. Rezando. Não somente sobre os livros. O Cristianismo é a experiência com uma pessoa. È o encontro com um evento, um fato. Com este fato que é a encarnação, que é Jesus.

Quinto pecado: A separação que existe entre a fé e a vida. Digo de modo muito simples. Na Igreja somos todos bons, bonitos e comportados. Depois na vida, é outra coisa. Julgamos, criticamos… nós precisamos unir fé e vida. Nós devemos levar a fé pra vida, pro nosso trabalho. Isso acontece naquela dimensão da caridade pastoral, quando verdadeiramente nos abrimos aos outros, aos irmãos, principalmente aqueles que são frágeis, pobres, mas com coração de Jesus. Unir fé e vida”.

(dos escritos de Dom Giorgio Zevini)

Fonte: http://blog.cancaonova.com/cancaonovaformacao/2008/05/06/cinco-pecados-contra-a-vida-consagrada

sexta-feira, 10 de julho de 2009

RETIRO DA PORCIÚNCULA - Cada dia mais próximos do altar! Dias 3,4 e 5 de julho

Somos o altar do carisma!

Abraçar uma consagração não significa estar pronto,
mas o querer se preparar.
(Inaldo Alexandre - CDMD)

O povo de Deus chegando para o retiro.

"Vinde amados de meu Pai!"

"E o Senhor lhes ajuntava outros, que estavam
a caminho da salvação."

"O amor de Deus nos constrange!"

"Felizes aqueles que ouvem o apelo do Senhor e
se entregam nas mãos dele."

"O carisma nos ajuda a escrever nossa história
com a caneta do amor."

"Um consagrado não se alimenta de dores,
mas de profecias."



"De nada vale perder tempo com o que passa,
é sábio aquele que escolhe cuidar do que é eterno."



"Quando enxergo a positividade de Deus,
descubro todo sentido dos fatos de minha história pessoal."

"Quanto mais me relaciono com Deus,
mais vejo o outro de forma transparente."


"Meu irmão Jacozinho do Senhor,
Deus te ama e eu também!"



"Quando você tem certeza do amor de Deus, nada lhe falta."

'O livre se permite amar!"

"Em teus altares eu quero estar para celebrar teu imenso amor."



quinta-feira, 9 de julho de 2009

Papa ao mundo:Por uma nova síntese humanista


Na nova encíclica social titulada “Caritas in veritate” (Caridade na verdade) o Papa Bento XVI expõe uma nova síntese humanista que permita superar os desafios da globalização e explica como a caridade é o pilar sobre o qual se deve reedificar a sociedade.

Ao referir aos desafios que expõe a situação global atual, o Pontífice indica que “os aspectos da crise e das suas soluções bem como de um possível novo desenvolvimento futuro estão cada vez mais interdependentes, implicam-se reciprocamente, requerem novos esforços de enquadramento global e uma nova síntese humanista”.

“Continua « o escândalo de desproporções revoltantes »[56]. Infelizmente a corrupção e a ilegalidade estão presentes tanto no comportamento de sujeitos econômicos e políticos dos países ricos, antigos e novos, como nos próprios países pobres. No número de quantos não respeitam os direitos humanos dos trabalhadores, contam-se às vezes grandes empresas transnacionais e também grupos de produção local. As ajudas internacionais foram muitas vezes desviadas das suas finalidades, por irresponsabilidades que se escondem tanto na cadeia dos sujeitos doadores como na dos beneficiários.”.

O Papa recorda que “Contudo há que sublinhar que não é suficiente progredir do ponto de vista econômico e tecnológico; é preciso que o desenvolvimento seja, antes de mais nada, verdadeiro e integral. A saída do atraso econômico é um dado em si mesmo positivo, não resolve a complexa problemática da promoção do homem nem nos países protagonistas de tais avanços, nem nos países economicamente já desenvolvidos, nem nos países ainda pobres que, além das antigas formas de exploração, podem vir a sofrer também as conseqüências negativas derivadas de um crescimento marcado por desvios e desequilíbrios”.

O Santo Padre ressalta deste modo que “Do ponto de vista social, os sistemas de segurança e previdência já presentes em muitos países nos tempos de Paulo VI sentem dificuldade, e poderão senti-la ainda mais no futuro, em alcançar os seus objetivos de verdadeira justiça social dentro de um quadro de forças profundamente alterado “.

“O convite feito pela doutrina social da Igreja, a começar da Rerum novarum, para se criarem associações de trabalhadores em defesa dos seus direitos há-de ser honrado, hoje ainda mais do que ontem, dando antes de mais nada uma resposta pronta e clarividente à urgência de instaurar novas sinergias a nível internacional, sem descurar o nível local”.

O Papa Bento XVI assinala logo que “a mobilidade laboral, associada à generalizada desregulamentação, constituiu um fenômeno importante, não desprovido de aspectos positivos porque capaz de estimular a produção de nova riqueza e o intercâmbio entre culturas diversas. Todavia, quando se torna endêmica a incerteza sobre as condições de trabalho, resultante dos processos de mobilidade e desregulamentação, geram-se formas de instabilidade psicológica, com dificuldade a construir percursos coerentes na própria vida, incluindo o percurso rumo ao matrimônio”.

Por isso, recalca o Santo Padre dirigindo-se especialmente aos governantes, “o primeiro capital a preservar e valorizar é o homem, a pessoa, na sua integridade: «com efeito, o homem é o protagonista, o centro e o fim de toda a vida econômico-social»“.

Ao falar depois do desafio da fome no mundo, o Pontífice precisa que se requere um sistema de instituições capazes de assegurar o alimento, assim como a maturação de uma ” duma consciência solidária que considere a alimentação e o acesso à água como direitos universais de todos os seres humanos, sem distinções nem discriminações. Além disso, é importante pôr em evidência que o caminho da solidariedade com o desenvolvimento dos países pobres pode constituir um projeto de solução para a presente crise global, como homens políticos e responsáveis de instituições internacionais “.

O Papa precisa também que existe “outro aspecto da vida atual, intimamente relacionado com o desenvolvimento, é a negação do direito à liberdade religiosa“. “As violências refreiam o desenvolvimento autêntico e impedem a evolução dos povos para um bem-estar sócio-económico e espiritual maior. Isto aplica-se de modo especial ao terrorismo de índole fundamentalista, que gera sofrimento, devastação e morte, bloqueia o diálogo entre as nações e desvia grandes recursos do seu uso pacífico e civil”.

Ante estes desafios urgentes, o Santo Padre explica que “o saber humano é insuficiente e as conclusões das ciências não poderão sozinhas indicar o caminho para o desenvolvimento integral do homem. Sempre é preciso lançar-se mais além: exige-o a caridade na verdade. Todavia ir mais além nunca significa prescindir das conclusões da razão, nem contradizer os seus resultados. Não aparece a inteligência e depois o amor: há o amor rico de inteligência e a inteligência cheia de amor”.

Novas soluções

“As grandes novidades, que o quadro atual do desenvolvimento dos povos apresenta, exigem em muitos casos novas soluções. Estas hão-de ser procuradas conjuntamente no respeito das leis próprias de cada realidade e à luz duma visão integral do homem, que espelhe os vários aspectos da pessoa humana, contemplada com o olhar purificado pela caridade”, diz Bento XVI na Caritas in veritate.

O Papa sublinha também a Também neste ponto se verifica uma convergência entre ciência econômica e ponderação moral. Os custos humanos são sempre também custos econômicos, e as disfunções econômicas acarretam sempre também custos humanos e explica que “A diminuição do nível de tutela dos direitos dos trabalhadores ou a renúncia a mecanismos de redistribuição do rendimento, para fazer o país ganhar maior competitividade internacional, impede a afirmação de um desenvolvimento de longa duração”.

“mais de quarenta anos depois da Populorum progressio, seu argumento de fundo, o progresso, segue sendo ainda um problema aberto, que se tem feito mais agudo e peremptório pela crise econômico-financeira que se está produzindo. (?) Temos que reconhecer quão difícil foi este percorrido, tanto por novas formas de colonialismo e dependência de antigos e novos países hegemônicos, como por graves irresponsabilidades internas nos próprios países que se hão independizado”.

Passados mais de quarenta anos da publicação da Populorum progressio, o seu tema de fundo precisamente o progresso permanece ainda um problema em aberto, que se tornou mais agudo e premente com a crise económico-financeira em curso. (…) Temos de reconhecer como foi difícil tal percurso, tanto por causa de novas formas de colonialismo e dependência de antigos e novos países hegemónicos, como por graves irresponsabilidades internas aos próprios países que se tornaram independentes.

“A novidade principal foi o estalo da interdependência planetária, já usualmente chamada globalização”, ressalta o Papa e expressa que “uma das pobrezas mais fundas que o homem pode experimentar é a solidão. Certamente, também as outras pobrezas, incluídas as materiais, nascem do isolamento, do não ser amados ou da dificuldade de amar”.

Logo depois de precisar que o desenvolvimento dos povos depende sobre tudo de que se reconheçam como parte de uma só família, que colabora com verdadeira comunhão e está integrada por seres que não vivem simplesmente um junto ao outro, Bento XVI afirma que o “desenvolvimento coincide com o da inclusão relacional de todas as pessoas e de todos os povos na única comunidade da família humana, que se constrói na solidariedade tendo por base os valores fundamentais da justiça e da paz”.

Ao falar então do papel das religiões para o desenvolvimento integral, o Pontífice reitera que “religião cristã e as outras religiões só podem dar o seu contributo para o desenvolvimento, se Deus encontrar lugar também na esfera pública, nomeadamente nas dimensões cultural, social, econômica e articularmente política. A doutrina social da Igreja nasceu para reivindicar este « estatuto de cidadania» da religião cristã”.

Bento XVI se refere logo à necessidade de que o princípio de subsidiariedade se mantenha intimamente unido ao princípio da solidariedade e vice-versa, porque “subsidiariedade sem a solidariedade decai no particularismo social, a solidariedade sem a subsidiariedade decai no assistencialismo que humilha o sujeito necessitado. Esta regra de carácter geral deve ser tida em grande consideração também quando se enfrentam as temáticas referentes às ajudas internacionais destinadas ao desenvolvimento”.

Ao falar sobre as migrações e sua relação com o desenvolvimento, o Papa considera que a política que sirva da melhor maneira a responder a este desafio “há-de ser desenvolvida a partir de uma estreita colaboração entre os países donde partem os emigrantes e os países de chegada; há-de ser acompanhada por adequadas normativas internacionais capazes de harmonizar os diversos sistemas legislativos (…) Nenhum país se pode considerar capaz de enfrentar, sozinho, os problemas migratórios do nosso tempo”.

O Papa também expõe, em términos econômicos, uma regulação “do sector capaz de assegurar os sujeitos mais débeis e impedir escandalosas especulações, como a experimentação de novas formas de financiamento destinadas a favorecer projetos de desenvolvimento, são experiências positivas que hão-de ser aprofundadas e encorajadas, invocando a responsabilidade própria do aforrador”.

“Perante o crescimento incessante da interdependência mundial, sente-se imenso mesmo no meio de uma recessão igualmente mundial a urgência de uma reforma quer da Organização das Nações Unidas quer da arquitetura econômica e financeira internacional, para que seja possível uma real concretização do conceito de família de nações. De igual modo sente-se a urgência de encontrar formas inovadoras para atuar o princípio da responsabilidade de proteger [146] e para atribuir também às nações mais pobres uma voz eficaz nas decisões comuns.”.

“O tema do desenvolvimento dos povos está intimamente ligado com o do desenvolvimento de cada indivíduo”, prossegue o Papa; e assinala que ” A técnica é bom sublinhá-lo é um dado profundamente humano, ligado à autonomia e à liberdade do homem. Nela exprime-se e confirma-se o domínio do espírito sobre a matéria(…) a técnica insere-se no mandato de « cultivar e guardar a terra » (Gn 2, 15) que Deus confiou ao homem, e há-de ser orientada para reforçar aquela aliança entre ser humano e ambiente em que se deve refletir o amor criador de Deus”.

“O verdadeiro desenvolvimento não consiste primariamente no fazer; a chave do desenvolvimento é uma inteligência capaz de pensar a técnica e de individualizar o sentido plenamente humano do agir do homem, no horizonte de sentido da pessoa vista na globalidade do seu ser”, alerta logo o Santo Padre.

A técnica nunca é suficiente para obter o desenvolvimento, precisa Bento XVI, e assegura que “o desenvolvimento é impossível sem homens retos, sem operadores econômicos e homens políticos que sintam intensamente em suas consciências o apelo do bem comum”.

O Pontífice também fala do lugar dos meios de comunicação ante o desenvolvimento e explica que estes devem estar “centrados na promoção da dignidade das pessoas e dos povos, animados expressamente pela caridade e colocados ao serviço da verdade, do bem e da fraternidade natural e sobrenatural”.

Conclusão

Logo depois de indicar que “a maior força ao serviço do desenvolvimento é um humanismo cristão [157] que reavive a caridade e que se deixe guiar pela verdade, acolhendo uma e outra como dom permanente de Deus”, Bento XVI adverte que, ao contrário, “a reclusão ideológica a Deus e o ateísmo da indiferença, que esquecem o Criador e correm o risco de esquecer também os valores humanos, contam-se hoje entre os maiores obstáculos ao desenvolvimento”.

O humanismo que exclui Deus é um humanismo desumano. Só um humanismo aberto ao Absoluto pode guiar-nos na promoção e realização de formas de vida social e civil no âmbito das estruturas, das instituições, da cultura, do ethos preservando-nos do risco de cairmos prisioneiros das modas do momento”, prossegue.

Por isso, explica, “O desenvolvimento tem necessidade de cristãos com os braços levantados para Deus em atitude de oração, cristãos movidos pela consciência de que o amor cheio de verdade caritas in veritate , do qual procede o desenvolvimento autêntico, não o produzimos nós, mas é-nos dado. Por isso, inclusive nos momentos mais difíceis e complexos, além de reagir conscientemente devemos sobretudo referir-nos ao seu amor.”.

“O desenvolvimento implica atenção à vida espiritual, uma séria consideração das experiências de confiança em Deus, de fraternidade espiritual em Cristo, de entrega à providência e à misericórdia divina, de amor e de perdão, de renúncia a si mesmos, de acolhimento do próximo, de justiça e de paz.”, adiciona.

Fonte: http://www.comshalom.org/blog/carmadelio

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O AMOR DE AMIZADE



"O amor de amizade arranca o coração das coisas que passam e o eleva para as que nunca passam."